Terceiro disco abandona a sofisticação jazzística e propõem som rústico. Influenciada pela lambada e o brega, ‘cada música vira um conto’, diz ela.
"Caravana Sereia Bloom" transforma a lambada e o brega em cult (Foto: Renan Costa Lima)
O beat jamaicano e a cara hippie - habituais dos dois primeiros discos
da cantora - saem de cena. O teclado deixa a afinação jazzística e
incorpora um som mais “fuleiro.” No novo trabalho, o terceiro da
carreira, Céu quer transformar a música em um conto, uma prosa.
“Talvez eu esteja mais próxima do popular neste trabalho. Ouvi muita
lambada e brega, descobri coisas lindas. Mas não acho que abandonei a
pegada reggae. Talvez esteja apenas menos marcante.Fiz um disco bem
misturado, tem um pouco de tudo.”
“Caravana Sereia Bloom” é uma ode ao cinema, principalmente aos road
movies. O nome presta uma homenagem ao longa de Cacá Diegues, "Bye Bye
Brasil", e propõe uma viagem por botecos de beira de estrada.
“Parece mesmo essas músicas bregas que a gente escuta em bares na
estrada. É uma viagem ao norte e nordeste do país. Quis sair da minha
zona de conforto e fazer um som mais imagético. A estrada e o cinema são
os temas principais.”
Os dois motes estiveram presentes na vida da cantora durante os últimos
anos. Sem gravar um CD desde 2009, quando lançou o “Vagarosa”, Céu fez
inúmeras participações em trabalhos alheios e emprestou a voz às trilhas
nos cinemas. O filme "Cidade Baixa", de Sergio Machado, foi um
deles. “Eu sou arroz de festa, adoro participar da produção de colegas,
amigos. Fiz muita coisa relacionada ao cinema e essa relação foi se
estabelecendo.”
A versatilidade disponível de Céu foi recentemente aproveitada pela
gravadora Universal, que convidou a cantora para uma ainda não divulgada
homenagem a Caetano Veloso. “Fui
chamada para participar de um álbum comemorativo. Escolhi uma das
músicas que mais gosto dele e fiz uma versão puxada para o brega. Ficou
super diferente.”
A trupe
A "Caravana Rolidei" de Céu é uma rede colaborativa. Produzido por Gui Amabis, marido da cantora, o álbum tem participações de músicos como Pupillo, Curumin, Lúcio Maia e as vozes de Negresko Sis - Anelis Assumpção e Thalma de Freitas.
A "Caravana Rolidei" de Céu é uma rede colaborativa. Produzido por Gui Amabis, marido da cantora, o álbum tem participações de músicos como Pupillo, Curumin, Lúcio Maia e as vozes de Negresko Sis - Anelis Assumpção e Thalma de Freitas.
O pai da cantora, o músico e compositor Edgard Poças – criador do grupo
infantil Balão Mágico – também participa do disco. Ao lado da filha,
ele fez uma releitura para “O Palhaço”, de Nelson Cavaquinho. O convite
partiu de Céu, que queria transformar a canção em uma espécie de
“respiro” no CD. “A ideia era fazer um palhaço no estilo Fellini
(cineasta italiano) e meu pai entendeu completamente o que eu queria.
Pedia uma melodia de valsa, não um samba. Gravamos uma vez só.”
O disco foi maturado ao longo de um ano, mas produzido rapidamente. Em
aproximadamente três semanas o material já estava finalizado.
Respeitável público
Para aproximar as pessoas de seu processo criativo, Céu fez uso do Garage Band, programa de música da Apple, queridinho também de Chico Buarque. A ideia era experimentar mais, e fazer um "recorte e cole" de sons. “Eu adoro o Garage. Acho genial. É um diário, registro de músicas que me aproxima do meu público.”
Para aproximar as pessoas de seu processo criativo, Céu fez uso do Garage Band, programa de música da Apple, queridinho também de Chico Buarque. A ideia era experimentar mais, e fazer um "recorte e cole" de sons. “Eu adoro o Garage. Acho genial. É um diário, registro de músicas que me aproxima do meu público.”
O uso do software não é a única novidade. Anos depois de debochar de um
produtor que lhe pediu para gravar em inglês, Céu resolveu incluir duas
músicas da língua estrangeira - "Fffree" e o reggae "You won't regret
it" - no novo trabalho. A iniciativa, apesar da aceitação no mercado
internacional, foi despretensiosa e não estratégica, garante ela.
“Eu era rebelde, achei um absurdo o pedido e disse que jamais faria.
Mas encomendei uma música pro Lucas Santtana e ele fez em inglês. Foi
tudo por acaso, nada pensado. Mas hoje acho a língua inglesa muito
musical, linda.”
A turnê do novo álbum começa em São Paulo. Céu leva sua batida mambembe
para o Sesc Vila Mariana nos dias 10 e 11 de Março. Depois, embarca
para a Europa, onde passará 40 dias divulgando o novo trabalho. Na
volta, no dia 5 de maio, canta no Circo Voador, no Rio de Janeiro e
espera percorrer o "regionalismo brasileiro" até o final do ano.
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