Anos depois de a palavra "metrossexual" ser incorporada ao cotidiano,
ninguém mais se espanta com um homem que faz as unhas ou uma boa
limpeza de pele; ultimamente, porém, os homens resolveram ir mais além e
se aventurar num território que era exclusivo das mulheres: o da
depilação íntima.
O tratamento de beleza "nas partes baixas" –
que, como na versão feminina, faz a remoção parcial ou total dos pelos
pubianos – está se tornando cada vez mais popular e não só entre os
nadadores e modelos de lingerie. "Descobrimos que todo mundo está
fazendo", diz Mike Indursky, presidente da cadeia de spas Bliss, que
oferece depilação íntima masculina sob o nome de Ultimate He-Wax por US$
125. "A comunidade gay, os heterossexuais, os conservadores, os
liberais. São homens de todas as idades. É muito mais popular do que a
gente imaginava."
Indursky acrescenta que a Bliss introduziu a
opção para os homens em fevereiro de 2011 e deve ver a clientela dobrar
até o final deste ano.
A depilação íntima masculina responde por
70 por cento dos agendamentos no Face to Face, um salão nova-iorquino
discreto, com uma clientela predominantemente masculina, fundado há oito
anos por Enrique Ramirez. "Quando eu comecei, achei que ninguém ia
querer, só que o número de clientes não para de crescer", revela ele.
"Os últimos dois anos têm sido uma loucura."
O salão oferece a
depilação total, chamada South of the Border (sul da fronteira, em
tradução livre) por US$ 70, além de tratamentos parciais. Há também algo
chamado "pejazzling", onde o cliente pode colocar pequenos cristais em
formato de estrela ou golfinho na pele recém tratada.
Evan Scott é
um produtor musical de 32 anos, adepto da depilação íntima há dois. "Eu
gosto de manter meu estilo, seja pelado ou completamente vestido e acho
que ela reflete isso", justifica ele. Observando que a prática é comum
entre a grande maioria das mulheres, Scott também sugeriu que, se elas
fazem, eles também devem aderir. "Se eu espero que a minha namorada
faça, não custa nada eu retribuir", filosofa ele.
Sua naturalidade pode ser explicada pelo grande número de famosos que
se depilam, como David Beckham e The Situation, para citar apenas dois.
"Não é nem querer imitar uma coisa que você viu num filme pornô", diz
Jason Chen, editor de estilo da Details. "É questão de se cuidar, de
higiene."
Há também aqueles que veem uma vantagem extra em depilar
as partes íntimas: o "aumento" da atração principal. "Valoriza o resto
porque não tem mais nada para esconder o equipamento", explica Ramon
Padilla, diretor do Strip: Ministry of Waxing, um salão de Nova York que
cobra US$ 85 pelo serviço completo.
Porém, como a mulherada bem
sabe, depilação íntima dói para chuchu (embora o resultado dure de um
mês a seis semanas, sem o incômodo dos pelos encravados quando se usa a
lâmina). Para lidar com o sofrimento, muitos tomam Advil antes (aspirina
não é recomendado porque afina o sangue) ou tomam um copo de vinho para
relaxar. No Strip, há uma bola antiestresse em cada uma das salas para
os clientes apertarem o quanto for necessário.
Além disso, tem o
fato de que nem todo homem fica à vontade tirando a roupa num salão de
estética e a experiência pode ser muito estressante, seja o esteticista
homem ou mulher.
Para esses casos, há aparelhos especialmente
criados para aparar os pelos da região íntima. O cruZer body da Braun
(US$ 69,99), por exemplo, foi lançado em novembro e promete "aparar e
depilar todo e qualquer lugar". O Norelco Bodygroom Pro da Philips (US$
69,99) e o Fusion ProGlide Styler da Gillette (US$ 19,99) prometem o
mesmo, como também o Mangroomer Essential Private Body Shaver (US$
39,99), versão adaptada da linha de equipamentos inventada por um homem
que queria se livrar dos pelos das próprias costas.
"Não é um
nicho", explica Kristi Crump, diretora de Marketing na América do Norte
da linha de cuidados pessoais da Philips Norelco. "Muitos homens estão
adotando a ideia. Ficamos surpresos, sim, mas a tendência é muito
forte." No ano passado, as vendas dos depiladores para o corpo da
empresa subiram 22 por cento, sendo que uso mais comum foi na região
genital, de acordo com uma pesquisa.
Pirooz Sarshar, especialista em
depilação masculina e criador do site PRZman, é adepto da prática há
doze anos. "Para mim, já virou rotina", ele garante. "Eu mesmo faço
tudo. Eu me sinto melhor, mais limpo, o visual é outro. Sem contar que é
bem mais higiênico."
Como no caso das mulheres, os cuidados
posteriores também são importantes, já que a incidência de pelos
encravados, que podem infeccionar, é maior. Nas 24 horas depois da
depilação, os esteticistas aconselham evitar qualquer atividade que
cause o aumento da temperatura local, como sauna, exercícios físicos e
sexo.
Manter a região limpa também é importante. Um produto
calmante unissex como o novo creme da Malin and Goetz (US$ 34) e o
bálsamo FixMySkin (US$ 12), que vem num tubo que parece cola em bastão,
ajudam a diminuir a irritação e a vermelhidão.
Apesar da
manutenção complicada, os donos de salão juram que os homens não
desistem. "Os caras experimentam, olham e sabem que fica muito melhor do
que era antes", afirma Indursky do Bliss. "E é verdade. Você se sente
mais confiante, faz com que você se sinta mais masculino, e não o
contrário. Pode soar como um paradoxo, mas não é."
Seja como for,
Padilla, do Strip, revela que muita gente também acaba se submetendo à
pressão da parceira. "A grande maioria diz que só resolveu fazer porque a
mulher ou a namorada pediu", ele confessa. "Elas até vem junto e dizem:
'Se eu faço, você também vai ter que fazer'."
The New York Times
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