O Chile almeja este ano conquistar pela primeira vez um Oscar, e o faz
com uma história pouca conhecida sobre a queda do ditador Augusto
Pinochet, "No", que foi apresentada nesta quinta-feira em Madri por seu
diretor, Pablo Larraín, e o ator mexicano Gael García Bernal.
Ambientada em 1988, "No" narra a campanha contra a permanência de
Pinochet no poder no Chile antes do referendo convocado pelo regime com o
objetivo de legitimar essa permanência em nível internacional. A
consulta popular, que acabou com a derrota inesperada do ditador, abriu o
caminho para a democracia.
"Há uma competição muito dura, com filmes muito bons, mas ao mesmo
tempo é uma categoria extremamente imprevisível", disse Larraín sobre as
opções de seu filme no Oscar. "A primeira grande notícia é que a
indicação permite que mais gente conheça o filme".
Na cerimônia de gala de 24 de fevereiro, "No" competirá com o drama
"Amor", do austríaco Michael Haneke; o norueguês "Kon-Tiki", de Joachim
Ronning; o filme histórico dinamarquês "Um assunto real", de Nikolaj
Arcel, e a fita canadense ambientada na África "War Witch", do diretor
Kim Nguyen.
O filme chileno tem no elenco García Bernal, que ganhou fama depois de
aparecer em filmes como "Amores Brutos" e "Diários de Motocicleta", e
que aqui interpreta o papel fictício de René Saavedra, diretor da
campanha publicitária a favor do "Não" no referendo.
"Partimos de um personagem cinza, pouco definido, porque a natureza
humana é assim", disse o ator sobre seu personagem, que apostou em uma
campanha política alegre e positiva, longe da vitimização.
"Tinha que dar um salto quantitativo para mudar a emoção de um país, o
sentimento de desesperança por um otimista. E esse foi o triunfo
contundente frente ao qual Pinochet não podia argumentar se não com mais
ódio", acrescentou Bernal, de 34 anos.
Larraín, por sua vez, descreveu como "privilégio" e "grande
aprendizagem" ter podido contar com o mexicano. "Pensamos em Gael mesmo
antes de ter uma primeira versão do roteiro", declarou.
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