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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Análise: Show de artes de Daniela fica aquém do esperado. Por Juracy dos Anjos



O Trapiche Barnabé, no Comércio, ficou pequeno para a expectativa dos fãs que foram assistir a apresentação do projeto itinerante #GeRaÇÃocAnIBÁlia, neste domingo, 2. Com uma diversidade de atrações, o show de artes idealizado por Daniela Mercury, que lembra um pouco o Sarau du Brown, agradou os fãs mais afoitos, que dançaram e curtiram o espetáculo sem parar.
Os menos agitados, no entanto, ficaram um pouco decepcionados. Isso porque a grande aposta do espetáculo, o show de artes, ficou prejudicado pela falta de espaço físico, pela superlotação e, aparentemente, ausência de sincronismo e organização das apresentações.
Tanto que o público era surpreendido a todo momento por intervenções abruptas, como a do grupo Soul Transformistas. Os atores transformistas pareciam sem direção, o que atrapalhou a execução plena da performance.
Outro ponto que chamou a atenção foi a performance na entrada do espetáculo, que foi constrangedor para os mais tímidos e reservados. Isso porque os artistas provocaram uma interação forçada com o público, passando a mão pelo corpo das pessoas que adentram o espaço.
A superlotação também prejudicou. Isso porque o público ficou aglomerado muito próximo aos mini-palcos usados na pista a ponto de dar medo quando alguns artistas circenses cuspiam fogo, uma vez que resquícios do combustível usado por eles gotejavam na plateia. Uma tocha utilizada durante a apresentação, inclusive, chegou a cair no meio do público. Por sorte, ninguém ficou ferido.Mas tudo isso antes da entrada de Daniela no palco, acompanhada dos músicos do grupo Cabeça de Nós Todos, que foi o ponto alto do show. A interação entre eles animou bastante o público, principalmente no meio da apresentação para frente, quando Daniela começou a cantar um repertório mais conhecido do público. Antes, a cantora investiu em canções de Chico Buarque e algumas menos populares gravadas pela própria artista.
O show foi permeado por intervenções artísticas, que deixou os fãs de Daniela encantados. E isso pôde ser percebido, por exemplo, durante a apresentação dos atores do musical Éramos gays, que deve estrear no próximo ano no Teatro XVIII, em Salvador. Eles deram uma prévia de algumas músicas do espetáculo.
Até a própria Daniela fez algumas intervenções, como na parte que ela convocou o público (poucas pessoas tiveram coragem de participar, pelo menos no meio e no fundo da pista) para um "laboratório teatral", com direito a encarar um estranho e abraçá-lo. E para finalizar, o "beijaço", quando a cantora pediu que as pessoas soltassem beijos ao léu.
Como espectador, o projeto #GeRaÇÃocAnIBÁlia, apresentado aos soteropolitanos, é interessante e tem tudo para pegar, mas precisa ser repensado para que a potencialidade do show de artes seja aproveitada pelo público plenamente.
Fonte: Jornal A tarde

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